domingo, 8 de junho de 2014

LANÇAMENTO: MINI COOPER

Eis o novo Mini Cooper, disponível no mercado brasileiro à partir desta semana. Recheado de tecnologia, esta nova geração do ícone demonstra claramente a tentativa da manutenção das qualidades do veículo, aliada à inclusão de um objetivo cercando aquilo que antes podia ser fator de exclusão para a sua compra. Ou seja, já não é de nicho tão específico, agradará também a quem espera dele um comportamento mais civilizado, sem fatores limitantes de uso como por exemplo a suspensão demasiadamente firme.

Sempre achei o projeto do Mini dos mais felizes na categoria da "releitura", principalmente os de 2ª geração(acima). Ao contrário de outros conhecidos exemplos de carros com motores em locais opostos em relação às versões originais, que também se situam em faixas premium do mercado, o Mini contrasta menos à sua origem. Do outro lado do oceano, temos vários exemplos de muscles reestilizados mas quase sempre com simplificação estilística e de acabamento, para em parte, torná-los viáveis. 
Por outro lado, sempre houve no projeto de Alec Issigonis, não só uma maneira particular de se projetar com sua eficiente arquitetura do motor transversal e tração dianteira, aproveitamento de espaço e distribuição de massas (copiada posteriormente por muitos), como busca pela eficiência dinâmica em âmbito desportivo desde o início na BMC. Na somatória, creio ser o Mini-BMW o melhor exemplo de releitura com caráter preservado que já existiu na indústria automobilística.

Não há dúvida que houve uma expressiva atualização do modelo no que tange à gadgets, habitabilidade, conectividade e propulsores. Mas uma coisa é certa, o Mini já não é tão "Mini", não só pelo ganho na musculatura da carroceria para abrigar os incrementos estruturais mas também pelos menos desejáveis balanços, especialmente o frontal, aonde a projeção entre o eixo e o parachoque é substancialmente maior. Embora equipado agora com amortecedores adaptativos que tornam  a condução mais acertada no dia a dia de centros urbanos mal pavimentados, já é voz corrente pela imprensa especializada que parte do "go kart feeling" se perdeu, seja pela adição de peso na dianteira (são 50kg a mais entre a versão 2.0 e a 1.5 litro), aumento de entre eixos e também pela insonorização da cabine. A verdade é que andar de Mini para um entusiasta automotivo é imcomparável, não é melhor ou pior que outros carros esportivos, é simplesmente único. O baixo centro de gravidade aliado a um "eixo pivotante virtual" (na verdade é a excelente suspensão McPherson/Multilink e a equalitária distribuição de massas que fazem isso) no meio do carro, que em curvas feitas no limite te deixa escolher entre escorregar de frente ou traseira conforme a pressão que se exerce sobre o pedal do acelerador é algo sublime, pude experimentar no Cooper S com o 1.6 litro de 184 cv. Gostaria muito que esse legado não desaparecesse na evolução do carro, vamos descobrir em breve. No entanto, alguns colegas já adiantaram que em suas impressões, embora o dois litros mostre um fôlego impressionante, em termos de comportamento em curvas o 1500 mais leve e equilibrado preserva com maior fidelidade a ancestralidade do carro.

Tenho a percepção de que algo na harmonia do design da versão anterior não se preservou, principalmente no detalhe dos contornos de paralamas que fazem as rodas tanto 16" como 17" parecerem menores do que são, mais do que isso, ainda num certo excesso de volume da frente que teve seu ângulo de inclinação atenuado e espichado. 



Ressalva feita à extinção do velocímetro analógico na polêmica posição ao centro do painel, que particularmente gosto, e também ao espaço para as pernas no banco traseiro, que mudou muito pouco, de resto são só boas surpresas. O carro está mais refinado e bem acabado, não que o acabamento do anterior fosse ruim, alguns botões foram para os lugares certos como os dos controles de vidros e trava que agora estão nas portas. Já o botão de "start" desceu, ficando na linha de comandos à frente do câmbio, numa bonita forma de chave como nos carros de competição, ao centro em vermelho. O problema da extinção do velocímetro analógico que identificava o carro é que nas versões mais simples, aquela grande circunferência no centro do painel, desprovida da central multimídia e sem bluetooth, parece um tanto quanto tola, mostrando apenas as informações básicas do rádio. Já na Cooper S, a multifuncionalidade gerida pelo botão rotativo no console central à moda "idrive" da Bmw se faz válida nos diversos recursos oferecidos com destaque para o GPS. Uma auréola multicolorida é oferecida como opcional em torno da central. Sua função é demonstrar a evolução dos giros do motor, velocidade de ventilação ou batidas do excelente sistema de som Harman-Kardon. Ainda como novidades, surge à frente do eixo do volante o head-up display com as principais informações ao condutor e também o sistema de controle da suspensão adaptativa, que utiliza amortecedores eletro-hidráulicos em todas as versões. Por meio da inversão do fluxo hidráulico oferecem carga e curso diferentes, em modo Comfort o veículo absorve com mais facilidade as irregularidades do piso, em Sport ganha a agressividade de comportamento compulsória aos modelos até então conhecidos. 


Os detalhes das motorizações oferecidas são o estreante 1500cm3 tricilíndrico turbo com injeção direta e sistema duplo Vanos (controle variável dos comandos de válvulas), com 136cv a 6000rpm e 22,5Kgf.m já as 1250rpm. Tem 1Kgf.m de overboost acionado pelo kickdown e como aliado o já conhecido e excelente câmbio automático sequencial de 6 marchas. O controle de tração  presente na versão antiga ganha agora a companhia do bloqueio de diferencial, já que o eixo dianteiro tem a imcumbência de transportar maior carga. No Cooper S, sai o leve 1.6 turbo de 184 cv e entra o bem mais pesado tetracilíndrico de 2000cm3 turbo e seus 192cv a 6000rpm, além dos respeitáveis 28,5Kgf.m no platô 1250-4750rpm, podendo chegar a incríveis 30,6Kgf.m com a "pressão extra" solicitada. Nessas versões custam respectivamente R$ 90.000,00 e R$ 125.000,00. A versão Exclusive do Cooper S continuará existindo, oferecendo a interessante combinação do motor mais forte num pacote desprovido de GPS, Teto Solar e som Harman-Kardon, por mais digeríveis R$ 114.000,00.
Para breve e numa faixa de preço mais convidativa, estreará o Mini One com o mesmo tricilíndrico do 1500 porém com sua capacidade cúbica diminuída para 1198cm3 com 101cv, mas que deve no entanto ter comportamento bem mais entusiasmante que seu antecessor aspirado. Um pouco depois surgirá a versão top John Cooper Works com estimativa de 250cv de potência.