terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Fusquices - parte 1

Voltando do almoço hoje, não é que me aparece mais um bonito Fusca no caminho? Fazendo um esforço, dá para considera-lo como um laranja intenso. Esse sei bem que trata-se do “Vermelho Nobre”, pois certa vez quase comprei um exemplar. Tom lindíssimo, me lembra o das Mclaren Marlboro.

Depois disso tive vontade de me debruçar novamente sobre o tema “Fuscas amarelo e laranja”, cores que sempre vestiram bem o besouro. Dei uma reexaminada nos tons, pelo menos entre 1971 e 1978 (aonde eles mais se concentram). Nem me atrevo a entrar no assunto “vermelho”, porque aí o problema é dobrado. Descobri coisas interessantes.

Começando pela mais maravilhosa, afinal porque em algumas tabelas o laranja de 1971 aparece como “bittersweet”, sendo que na época as cores eram todas denominadas em português? Falando nisso vamos analisar a etimologia da palavra. Seria como “algo a mais do que simplesmente doce”, ou em única expressão “agridoce”... que inclusive é coincidentemente ou não a cor daquele molho com esse sabor, servido nos restaurantes chineses. Mal sabia eu que trata-se também de uma planta:

Nessa época o tal bittersweet, constava no catálogo de cores da VW EUA, alguém teve a brilhante ideia de começar a chamá-la por essa nomenclatura, mas não é a oficial.
Aqui constou no catálogo como LARANJA GRANADA L-1251, apenas em 1971, o que é uma pena, dado tamanho deslumbre. Mas porquê “granada”? Porque trata-se da planta e sua flor que recebem esse nome, nada menos do que bittersweet em inglês.

Flor de Granada acima e Laranja Granada (Bittersweet) abaixo, L-1251, 1971, VW do Brasil.

Na internet é possível se deparar com algumas cartelas de cores ou listas. Inexplicavelmente muitas vezes existem falhas, discrepâncias ou simplesmente falta de algumas tonalidades. Uma delas, embora também contemple esses problemas, resume bem o panorama de cores VW dos anos 70 e 80:

Por algum motivo inexplicável, o Laranja Granada só existiu em 1971, para 1972 surge o Laranja Monza, tom de mesma base mas sem o componente rosáceo. Apesar de rara, não chega a ser uma improbabilidade se deparar com um Fuscão Granada nos eventos ou até mesmo na rua, o que dá a entender que as vendas não foram um fracasso, seria então por algum preconceito? Não se sabe, mas a olhos vistos, pelo menos na minha opinião, a Monza que a substituiu é bem menos interessante.
A seguir, os principais tons amarelos e laranjas (e outros próximos a eles) dessa fase, uma limitada indústria nacional que compensava a balança com coisas como essa “alegria colorida”.

Amarelo Colonial L-268 (1972)

Amarelo Manga L-1265 (1971-72)

Laranja Granada L-1251 (1971)

Laranja Monza L-1255 (1972)

Amarelo Texas L-1364 (1973)

Amarelo Safari L-1363 (1973-74)

Amarelo Imperial L-6005 (1975-76)

Laranja Outono L-5004 (1975)

Ocre Marajó L-1271 (1973-74-75)

Amarelo Caju L-1362 (1973)

Vermelho Nobre L-5003 (1975)

Amarelo Java L-6012 (1977-78)

4 comentários:

  1. Boa noite!!! Ótima matéria, só uma observação.. em 1971 além do laranja granada de código 1251, houveram alguns exemplares com código 1253 laranja bitteersweet.

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  2. Bom dia. Laranja Granada L-1251 e Laranja Bittersweet L-1253 são duas cores completamente diferentes. Comprovado não apenas pelos códigos diferenciados, mas também por um Boletim Técnico emitido aos revendedores vw em Janeiro de 1971. Esse Boletim diz o seguinte: "Os veículos 113-B-090 e 113-B-091, além das cores já existentes, estão sendo pintados também na cor Laranja Bittersweet L-1253. Essa nova cor diferencia-se de sua similar, Laranja Granada L 1251, por apresentar uma característica mais leitosa, enquanto que a outra é de um alaranjado mais intenso e amarelado. Sugerimos a incorporação desta laca ao seu estoque de peças. A partir do seu próximo pedido."

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    1. Boa noite Fernando, desconheço esse boletim, acho improvável, no próprio transcrito (Boletim) que você passou alega tratarem-se de 2 cores similares, apenas um pouco mais leitosa. Já sua afirmação no início do parágrafo diz "tratam-se de cores completamente diferentes", só aí já há boa incoerência. Não acredite em absolutamente tudo o que está disposto em Fóruns. Por ser grande admirador da cor, tive inúmeros debates sobre o assunto dentro do Fusca Clube inclusive. Entre muitos há esse consenso. Tivemos o Granada em 1971 e uma variação da cor chamada Monza em 1972. Paralelamente o que existe é muito ERRO de coloristas e pintores que no decorrer de décadas restauraram com formulações erradas dessas duas cores que resultaram nuances diferentes. Não raro verificar em encontros 2 Granada 1971 com pequena diferença no tom postos lado a lado. Outro erro CRASSO é a fábula de que por causa do incêndio do final de 1970 alguns fuscas receberam o laranja dos Caminhões Scania. Sim, lotes de carros foram pintados em outras montadoras, porém nenhum deles utilizou catálogo fora da especificação VW, o laranja Scania era outro.
      Esse assunto já foi debatido com mestres historiadores como por exemplo Alexander Gromow, fica a dica do contato caso persista tua dúvida. Além do mais não haveria sentido a montadora produzir 2 tonalidades próximas ao mesmo tempo. Fora isso no INÍCIO dos anos 70 todas as cores VW tinham seus nomes em Português (LÓTUS, GUARUJÁ, PAVÃO, COLONIAL, NÁPOLES, GRANADA, ETC). Houveram sim substituições de cores próximas como do Granada para Monza em 72, do Amarelo Safari para Imperial em 75, etc. Espero ter ajudado.

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  3. Para quem tiver dúvidas ou interesse no assunto, este boletim que eu transcrevi aqui pode ser encontrado no Forum Fusca Brasil, no link a seguir: https://www.forumfuscabrasil.com/index.php/topic,75738.msg2035020.html#msg2035020

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